Sua comunicação está sabotando sua carreira?
- Daniel Franco
- 9 de jul.
- 5 min de leitura

Você já se pegou pensando:
"Será que eu não devia ter falado aquilo?" "Será que eu devia ter falado alguma coisa?" "Será que eu podia voltar no tempo e só ter comido um pão de queijo em silêncio?"
Pois é. Muita gente passa anos no mercado sem perceber que o jeito que se comunica — seja como metralhadora giratória ou monge erudito — está moldando (ou travando) a carreira.
Se você é do tipo que ama uma opinião ou prefere só observar os caos do Zoom em silêncio reflexivo, este artigo é para você. E se lidera então, se prepare: você pode estar influenciando a comunicação da equipe sem nem abrir a boca.
O Paradoxo do comunicador nato
Como alguém com formação em comunicação, vivo um paradoxo constante: falar é minha expertise, mas também um rótulo que me acompanha no ambiente corporativo.
Por minha natureza comunicativa — coitado do meu filho, que sempre brincou que eu não dava bronca, mas sim palestras (o ônus de nunca ter apanhado... talvez ele preferisse umas palmadas aos meus discursos) — as pessoas sempre esperam que eu tenha algo a acrescentar.
Sabe aquele momento em que você está processando informações, organizando pensamentos ou, simplesmente, analisando a dinâmica do ambiente antes de se posicionar? Para quem tem um perfil comunicativo, esse "luxo" parece não existir. Bastam dois minutos de silêncio em uma reunião e logo vem a pergunta:
"Tudo bem? Você está triste? Está estranho hoje, ..."
Há uma quantidade certa a falar?
O mais irônico é que, enquanto quem fala muito pode se sentir pressionado a estar sempre "ligado", as pessoas que se expressam menos acabam sendo subestimadas ou até mesmo ignoradas nesse cenário. Elas perdem a chance de ter suas contribuições valorizadas por não estarem "participando" ativamente o tempo todo.
Mas como, então, encontrar o ponto de equilíbrio onde todas as vozes são ouvidas e valorizadas, independentemente do estilo de comunicação?
Se você também se questiona sobre esse dilema e busca estratégias para uma comunicação mais eficaz e inclusiva, continue lendo o artigo completo e descubra como.
Já pensou qual é seu estilo de comunicação?
Se identifica com algum desses abaixo?
Vive sendo convocado(a) pra falar algo genial em reuniões aleatórias?
Sente a pressão de sempre “preencher os silêncios constrangedores”?
Tem medo de virar meme interno por falar demais?
Já desistiu de opinar pra não virar trend no grupo da firma?
A verdade é que, num mundo que valoriza quem fala alto e rápido, quem prefere observar é visto como “desligado” — e quem fala demais como “centralizador”. Tá fácil pra ninguém.
O drama da comunicação executiva
Agora, se você lidera projetos ou equipes, a encrenca dobra.
Você fala muito? Vão dizer que quer controlar tudo.
Fica mais na escuta? Vão reclamar que você “não dá retorno”.
É igual GPS ruim: se fala demais, irrita. Se cala no cruzamento, te deixa no bairro errado.
Spoiler: Liderança boa é feita com intenção, não com decibéis.
É da natureza humana interpretar: Silêncio? Descaso. Fala demais? Autoritarismo. Fala normal? Ih, tá querendo agradar.
Liderar é viver sob análise de gestos, entonações e pausas dramáticas. Um Big Brother corporativo com paredão de avaliação de desempenho.
Comunicação Estratégica ≠ Comunicação Compulsiva
Vamos derrubar umas crenças furadas.
MITO: "Profissional bom fala em todas as reuniões."
FATO: Às vezes, o melhor insight é o que veio depois de um gole de café e três minutos de escuta ativa.
MITO: "Ficar quieto é desperdiçar talento."
FATO: Quietude pode ser uma estratégia estilo 'Capitão Nascimento' - entender como agir em todos os idiomas. Só não dá pra segurar a granada calado eternamente.
MITO: "Quem tem experiência tem que resolver todos os conflitos."
FATO: Você não é um bombeiro emocional da firma. Deixa o caos amadurecer de vez em quando para as pessoas aprenderem a se comunicar.
O peso da expectativa profissional
Fala pouco? Cada vez que abre a boca, esperam uma epifania.
Fica em silêncio? Acham que tá boicotando a equipe, triste com a firma ou tramando sua saída para a concorrência.
Fala demais? “Fulana quer dominar tudo.”
É isso. Você não é só um profissional — virou personagem de ficção organizacional.
Os benefícios do silêncio que ninguém celebra
Para quem fala muito:
Escutar mais = aprender mais.
Falar menos = ser mais ouvido.
Pensar antes de opinar = menos arrependimento.
Dar espaço = permitir que outras pessoas brilhem.
Para quem fala pouco:
Seu silêncio é válido — não precisa se justificar.
Qualidade > quantidade — sim, até nas reuniões.
Você não é antissocial — é seletivo.
Sua introversão pode ser um superpoder — não um defeito.
Dicas para quem fala muito
Treine o Silêncio Estratégico:
Respire, conte até 5 antes de responder.
Pergunte-se: "Isso é necessário, útil ou só ansiedade verbal?"
Compartilhe o palco:
"Quero ouvir outras visões antes de opinar."
"Fulano tem uma abordagem bacana, compartilha aí."
Diga o que está fazendo:
"Tô escutando ativamente pra entender o contexto."
"Vou digerir isso e depois trago uma proposta."
E se você lidera… reframe suas expectativas
Pare de achar que:
Quem fala pouco está desinteressado.
Quem fala muito está tentando mandar.
E que todos têm que se comunicar igual.
Comece a valorizar:
Gente que escuta.
Gente que reflete.
Gente que entrega com o estilo próprio — sem firula.
A Verdade Inconveniente
Às vezes, quem mais nos pressiona pela alta performance comunicativa… somos nós mesmos.
Criamos a persona do comunicador impecável. Depois, não sabemos sair dela. E aí vira burnout verbal.
O que aprendi e ainda estou aprendendo
Energia comunicativa é um recurso finito. Seja sustentável.
Silêncio é poderoso e não gera retrabalho.
Não preciso fazer TED Talk em toda call.
Outras pessoas têm ideias boas (quem diria, rs).
Comunicação boa não é a mais falada — é a mais certeira.
Para finalizar, eu juro!
Se você leu até aqui e se viu nesse espelho, saiba que está em boa companhia.
Fale como puder, cale-se quando quiser. Só não perca de vista quem você é nem deixe o barulho externo ditar o valor da sua voz (ou do seu silêncio).
P.S.: Meu filho herdou o dom. Hoje é conhecido como “Dr. Palestrinha”. Missão cumprida. 😄
E você? Já foi mal interpretado por falar demais? Ou ignorado por não falar o bastante? Me conta. Vamos juntos descomplicar esse roteiro corporativo e dar voz a todos os estilos.
Daniel Franco é um facilitador de ideias Especialista em comunicação, mentoria, novos negócios, desenvolvimento de profissionais e alguém que ama quando encontra alguém que fala mais que ele para ficar quieto. Mas, nem sempre é fácil encontrar.
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